sexta-feira, 11 de março de 2011

Pra não dizer que não falei...






Pra não dizer que não falei, eu li e contei...
Centenas de vezes a mesma coisa, no intuito de fazê-la entender...

Não escutou, não entendeu, saiu correndo por entre as escadas, descendo de dois em dois degraus, parando só quando o último lance bifurcou em dois corredores, longos...

Foi daí que percebeu a distância, entre os extremos que a convidavam: a paz da ignorância e a responsabilidade frente ao desafio que a esperava...de braços abertos, tanto quanto a paz que ela precisava...

Paz ou o desafio? O caos rumo ao desconhecido...?

Caiu sobre si paralisada, estupefata, com os olhos negros fitando o nada. Lívida. Opaca, feito uma boneca de cera...ou um manequim...

O tapete vermelho a recebeu como a acariciar sua pele tipo porcelana...

...então ela levantou-se subitamente...

e fez...o que deveria ter sido feito.

Gritou a quê veio, e recebeu aplausos de uma platéia inexistente.

Delirou, e entre uma névoa clara ascendeu.


Grace Teles


Créditos da imagem: Borges, A casa de Astérion