Pra não dizer que não falei, eu li e contei...
Centenas de vezes a mesma coisa, no intuito de fazê-la entender...
Não escutou, não entendeu, saiu correndo por entre as escadas, descendo de dois em dois degraus, parando só quando o último lance bifurcou em dois corredores, longos...
Foi daí que percebeu a distância, entre os extremos que a convidavam: a paz da ignorância e a responsabilidade frente ao desafio que a esperava...de braços abertos, tanto quanto a paz que ela precisava...
Paz ou o desafio? O caos rumo ao desconhecido...?
Caiu sobre si paralisada, estupefata, com os olhos negros fitando o nada. Lívida. Opaca, feito uma boneca de cera...ou um manequim...
O tapete vermelho a recebeu como a acariciar sua pele tipo porcelana...
...então ela levantou-se subitamente...
e fez...o que deveria ter sido feito.
Gritou a quê veio, e recebeu aplausos de uma platéia inexistente.
Delirou, e entre uma névoa clara ascendeu.
Grace Teles
Créditos da imagem: Borges, A casa de Astérion