segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O ROUPÃO DO MEU PAI...



Já perceberam quanto de uma saudade fica em determinado objeto, que vira uma espécie de talismã, quando o guardamos em nossa memória, em uma caixa, ou até mesmo à vista para sempre tocar, numa espécie de conexão com o ente querido que partiu?
Em 2003 meu pai não resistiu a um tumor maligno, um câncer cerebral agressivo, categoria 4 numa escala de 1 a 5, glioblastoma multiforme e de lá para cá, muitas vezes fomos só saudades.
Incrível lembrar daquela figura tão querida e não derramar uma lágrima teimosa. Ou várias, se estamos em dias mais sensíveis.
Fato é que mesmo depois de sua partida, o roupão está lá quase incólume, colocado atrás da porta do banheiro. Minha mãe não o usa, mas o detém lá.
Neste ano de 2013 quase nos mudamos de São Paulo para o interior, então, doei muita coisa, mexi na casa inteira, e consegui me desvencilhar das garrafas das bebidas que ele gostava e que permaneceram, assim como o roupão, no mesmo local onde estavam, desde que ele se foi.
As garrafas de um bom whisky e de alguns licores foram destinadas a um bar que abriu na esquina da minha casa, e, sinceramente, achei que o roupão sairia daqui na mesma sacola pesada que levou outras peças para a Igreja. Não foi. Fui desautorizada. Respeitei. Assim como ele me ensinou o que é impor respeito.
Isto me faz lembrar de uma situação engraçada na qual estávamos eu, minha mãe e minha filha, quando ainda morávamos em Curitiba, em um apartamento que não era propriamente um térreo, tampouco um primeiro andar, ficando ali no limiar entre um e outro, em um dia bastante quente, no qual, a janela de fora estava apenas encostada, pela "segurança" que a grade exercia. Em dado momento, minha mãe aproximou-se da janela no intuito de fechá-la ou por algum pressentimento de que estava sendo vigiada e surpreendeu-se com um rapaz e gritou, imediatamente pelo nome do meu pai. - Antoninho! fechando a janela. E disse ainda: - Tem um rapaz aqui venha atender. E eu, na peça ao lado, sem exitar, busquei o meu grave mais possante para falar a frase que era dele: - E aí? O que é que há!?! A frase impôs respeito!!!! Na hora, o intruso desceu a pequena mureta que lhe permitiu o acesso e foi embora deixando-nos ali, as três, assustadíssimas. Hoje a gente ri quando chama o Toninho em algumas situações pra lembrar do ocorrido. 
Quantas vezes fazemos menção da presença logo quando a perda se dá. O tempo encarrega-se de amenizar a ausência imposta e a gente dá conta de resolver as pendengas, nem que seja, hilariamente, apelando para a criatividade do imaginário!!!
Certo é que pouco levamos, da mesma forma que muito deixamos. Deixamos não só nossos pertences, nossas caixas de recordação, nossos textos, nossos enfeites e nossas fotos. É fato que a ausência torna dolorosa a existência material de roupas e livros, caso existam, mas o maior que fica é a complexidade da personalidade, esta sim, muito mais rica e valiosa em todas as suas nuances.
Viramos muitas vezes uma caixinha de documentos e fotos. A grande maioria de anônimos deixa aos seus familiares seu legado e a alguns conhecidos seus, suas melhores ou piores lembranças.
Alguns outros deixam sua carreira, suas obras, dispondo-lhe uma ilusória imortalidade até que ninguém mais deles lembre-se, a despeito da genialidade presente em  sua existência.
Outros  tem o seu nome registrado na História e assim, pela tradição, pela cultura, pela informação, permeiam as eras para fazerem juz ao que foram em vida.
Toda essa conjectura a partir de uma peça de roupa, pendurada atrás da porta do banheiro, como a suplicar, que seu dono, imediatamente após a ducha viesse neste roupão aconchegar-se e viesse naquele cheiro bom de banho tomado nos deixar encerrar a cabeça nos seus ombros. Minha mãe o quer lá e eu, por anuência permitida, o deixo lá a me acariciar a memória afetiva.

Nós temos guardado o roupão do meu pai...






terça-feira, 15 de outubro de 2013

Aos futuros mestres... com carinho!


Para futuros Pedagogos...

Os desafios são e sempre serão grandiosos.
Vão querer sufocá-los com as amarras do planejamento, do Projeto político-pedagógico, do Sistema, de egos insuflados que não reconhecem a verdadeira beleza do compartilhar...
Educar e ensinar são verbos que implicam em dividir, compartilhar, o que também implica em ser generoso e humilde.
Lembre-se que a coluna ereta lhe garante segurança, mas o nariz empinado só demonstra tua insegurança.
Seus alunos serão crianças, adolescentes, adultos, enfim, gente e ... gente, precisa de cuidado para crescer e aprender. Em época onde o discurso é humanizar a medicina, lembremo-nos nós de Reencantar a educação, exercendo uma pedagogia pautada por relações de afeto, procurando ao máximo, nos preparar da melhor forma possível, técnica e emocionalmente, para chegarmos até o aprendiz e lhes mediar os caminhos rumo a transformação de suas vidas!
É o meu desejo, que sejamos sempre a melhor lembrança e a melhor referência na vida das pessoas que cruzarem nossa caminhada!
Que a despeito das amarras, tenhamos sempre a liberdade de pensamento e expressão que nos são asseguradas por uma carta chamada Constituição.
E que o espaço da sala de aula seja compreendido e apreendido para dele fazermos o palco de nossas almas!

Feliz Dia do Professor!
15 de Outubro

Grace Teles


15 de Outubro - DIA DO PROFESSOR