domingo, 30 de janeiro de 2011

Cafés...




DO CAFFÈ METRÓPOLIS PARA O MUNDO

Cenário propício à divagação.
Momentos retirados da realidade ou inserindo-se nela, dubiedade personalíssima de quem vos escreve.

A poucos metros da Rua das Flores, Rua XV, Boca Maldita, Boca Pequena, benditas sejam entre os curitibanos da gema, meu admirável público!

Chamem-me por Reneè.

Outro dia, conheci um elegante senhor que, como pede a discrição, chamarei-o pelo pseudônimo de Dr. Olavo. ( Médico? Advogado? Dentista? Engenheiro???) Tão aposentado quanto eu.

Aproximamo-nos pelos comentários dignos das filas...( são ótimos e quase sempre , os mesmos iniciadores de prosa...)

- Mas que calor hein? Dirigi-me a ele que estava assentado nas ricas cadeirinhas do lado de fora.

Distantes a duas mesas, nossa conversa iniciou-se em um tom natural e assim permaneceu até o final.

Receptivo, o Dr.Olavo concordou comigo e perguntou se eu era daqui de Curitiba. Respondi-lhe que sim, melhor não denunciar-me um forasteiro. Minha família é daqui. agora, também sou.

Perguntou também se eu já havia passado por dias tão quentes em Curitiba.

Minha evasiva deu certo: - Não que eu lembre.

Apreciamos duas estudantes falantes desfilarem sua exuberante juventude por aquela calçada. O bom de se chegar a certa idade é a ausência de comentários...

O Dr. Olavo fez-se muito parecido comigo: conversador brilhante ( não tenho nenhuma modéstia ), casado, de família grande, sensibilizou-me o apego aos netos. Fotos na carteira e peripécias milimetricamente acompanhadas aos finais de semana!

Apreciadores das artes, comentamos sobre o festival de Teatro de Curitiba e sobre memoráveis apresentações do Teatro Guaíra ( algumas tive o prazer de estar na cidade para assistir...).

Revelou-me um envolvimento que teve com uma grande artista, sempre bem vinda a qualquer sala de Teatro, que quase custou-lhe o casamento. Caso abafado por todos, sabido por muitos e nenhum pouco comentado. Sorte do Dr. Olavo, ou azar, por ter dado fim ao seu deslize extraconjugal com tamanha diva do cenário nacional! Não ousei colocar-me em seu lugar, respeito muito  o destino e a decisão de todos.

Pergunto-me por quê cargas d´água abrimos a nossa vida a "ilustres" desconhecidos e também se não nos tornaríamos amigos de verdade caso houvesse outros tantos encontros...A afinidade responde que sim.

Ah que aromas convidativos...pedi outro café.

Acabei por despedir-me com um pouco mais de vinte minutos de boa prosa, alegando que teria de apressar-me acaso não quisesse meus sapatos recém engraxados tragados pelas águas de mais um fim de tarde de verão.

Outro dia, conheci um estudante de Direito, ali da Curitiba.

Sou um inveterado puxador de conversa, aquela desinteressada, verdadeira, inofensiva, fruto do que somos e apresentamos à vida...

...Mas isso é conversa para um outro dia...



Curitiba, 18/03/2001



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