domingo, 30 de janeiro de 2011

COMÉDIA DA VIDA PRIVADA







CENA 1:  O CADASTRO

Ela - Não vou fazer. porquê não quero e pronto!

Outros - Faça! Só de bagunça! Não precisa dizer a verdade!

Ela - Ah, é assim? Pois de bagunça eu só vou dizer a verdade...Não vai aperecer um!!!


CENA 2: ALGUÉM GOSTOU DE VOCÊ: O COMUNICADO

Ela - remete-se aos seus pensamentos mais irônicos: gostar a gente gosta de pizza, de cachorro...

Outros - Veja! Tem um que te escreveu!

Ela: Lê, cheia de surpresa, separado, 56, com filhos, gosta de bons restaurantes etc...aprecia pessoas verdadeiras.

Ele - Dá o telefone e não escreve mais.


DIAS DEPOIS...


CENA 3: CONTATO TELEFÔNICO:

Ela - Se enche de coragem e liga. Ao perguntar pelo nome Roberto, não há ninguém que o tenha, mas...

Ele - Pergunta a ela se pegou o número através de um site de relacionamentos pela Internet...

Ela - Quase desligando, responde que sim.

Ele - Eduardo agora, confessa-se a voz masculina do outro lado da linha.

Ambos - Conversam sobre...amenidades, e por fim,

Ele - Miguel


ALGUNS TELEFONEMAS DEPOIS...


CENA 4: O JANTAR

Ela - Dia de correria, preparativos, salão, maquiagem, roupas, ansiedade...

Ele- Dia de tristeza, dia de velório, indignação com a fragilidade da vida, um amigo que se foi...

Ela - Quase desiste, e até quer que ele cancele!

Ele - Não cancela. Confirma o jantar. Diz que vai ligar antes de chegar. Não liga...toca a campainha.

Destino: Restaurante francês à bordo de uma Mercedes...

Ela - Ri, porque não acredita que está ali.

Ele - Não está ali. Perdido em um turbilhão de emoções, comete o erro de olhar o relógio...

Ela - Se pergunta se foi incapaz de lhe amenizar a dor...as duas doses de bom whisky em copo duplo, responderam que não, pois ele não precisava de nada nem de ninguém ...  ele já estava anestesiado...

Ela  - Reflete: teria sido melhor se ele chegasse a pé, de ônibus, de fusca... se ele tivesse convidado para uma pizza, pedido coca-cola, água, teriam se conhecido melhor e iniciado a sua ( deles ) relação ( amizade, namoro ou sei lá ) através da comunicação que os uniria, aproximando suas realidades, ou não...

Ela - Ainda... Não fala isto a ele. O efeito poderia ser devastador.


CENA 5: THE DAY AFTER

Ela - Lembrando-se do que pensou, resolve ligar. Perde a coragem de falar e diz que ligou só para dar um "oi". Pensara em falar como pretexto para chegar a um fim.

Ele: Pergunta se ela gostou do jantar e diz que foi de coração!

Ela - Sem ênfase alguma, ela responde que sim ( A truta com molho de amêndoas estava uma marravilha! )

Ele - Deseja a ela um ótimo fim de semana!

Ela - Retribui, e , promete a si mesma que não vai mais ligar.


CENA 6: O DESFECHO

No fim de semena e nos dias seguintes ele não liga

Ela - Lembra-se do cadastro... e lembra dele ao se descrever: Sou um homem livre, que gosta do novo e pensa: a adrenalina do novo vicia. Espera que ele não ligue mais, porque então ela teria que lhe dizer sobre o imenso vazio que a inundou na última hora em que estiveram juntos...A maior solidão é a que se sente mesmo estando acompanhada. Decide que não vai nem ao menos lhe enviar isto por e-mail...mas, e tem sempre um mas..., quem já deu uma bronca por telefone pelos tantos nomes, pode e deve, porque ele já sabe que ela é muito brava!

MAS...ELA NÃO ESTÁ BRAVA COM ELE...

Está furiosa é com a vida, que de tantos encontros lhes proporcionou este.


CENA 7: AINDA POR ESCREVER

Vinícius de Moraes - A vida é a arte do encontro embora haja tanto desencontro pela vida...

Ela - Há duas maneiras de se interpretar a crônica acima. Faço votos de que você o faça da maneira correta.


THE END


Curitiba, 05 de outubro de 2003
Imagem retirada da Internet Google






Nenhum comentário:

Postar um comentário